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Lei de Murphy

  • Foto do escritor: Alan Giovani de Moraes
    Alan Giovani de Moraes
  • 12 de ago. de 2024
  • 4 min de leitura

Qualquer coisa que possa dar errado, dará errado.


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Você já pensou certamente em largar o seu emprego de carteira assinada num determinado momento da sua vida e empreender em seu próprio negócio, conquistar sua liberdade financeira e gerenciar o seu próprio tempo.


- Eu sei, é um sonho de todo mero mortal que sobrevive dia após dia desejando algo melhor para sua vida e família. Comigo não foi diferente!


Lembro como se fosse ontem: numa sexta-feira, quinto dia útil do mês, aquele dia tão esperado por todo trabalhador. Vindo de um mês difícil, complicado, eu simplesmente não aguentei mais. Peguei meu holerite, aquele papel que representava um salário medíocre, e rasguei bem na frente da mocinha do RH.


Ela ficou ali, parada, olhos arregalados, sem saber o que dizer. Depois de alguns segundos, me perguntou, com a voz baixa:

-O que foi isso?


Eu respondi em um tom desesperador:

- Me demito!


Naquele momento, decidi que ia trabalhar pra mim, ser meu próprio chefe, e finalmente começar a gerir meus negócios. Mesmo nem sabendo como e por onde começar!


MISSÃO GROWROOM

Comprei algumas ferramentas, fiz contato com uns conhecidos e comecei a vender meus serviços de instalação e manutenção elétrica. Cara, eu estava empolgado e nervoso ao mesmo tempo. Não fazia ideia no que isso ia dar.


Os boletos começaram a vencer, e nada de aparecer cliente. Sabe aquele frio na barriga?

Então, parecia que eu estava fadado ao fracasso. “Meu Deus, e agora?”


Foi então que, num certo dia, meu celular tocou. Por indicação, me chamaram para uma visita técnica em Curitiba, capital do Paraná. Fui ao encontro do cliente, e ele me levou de carro para o local.


Quando chegamos lá, fiquei surpreso. O cara tinha um projeto inusitado: um Growroom. Sim, isso mesmo! Fomos analisar uma casa para cultivo de cannabis.

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O cliente queria montar uma estufa top de linha, uma sala de cultivo com condições totalmente controladas: iluminação artificial, ar condicionado, tudo ajustado na medida certa para criar o ambiente perfeito para as plantas medicinais – a famosa cannabis.


Ele deixou claro que estava tranquilo, mas me pediu para manter o negócio em segredo.


O serviço exigia a substituição do ramal de entrada de energia da casa, porque o aumento da carga instalada ia exigir uma revisão completa. Além disso, tinha toda a distribuição e proteção dos circuitos da estufa, um trabalho bem especializado.


Voltei pro meu home office, sentei na frente do computador e comecei a montar a lista de material que ia precisar. Também precisei calcular o valor da minha mão de obra. Esse ia ser um grande desafio, era meu primeiro cliente e estava empolgado, ia ser uma instalação bem interessante.


Até onde eu sabia era proibido a cultivação e comercialização daquela planta. Mas eu precisava daquele serviço, e até porque o cara me garantiu que no momento da instalação não haveria na casa nada associado as plantas que seriam cultivado naquele local.


O serviço parecia simples: aumentar a entrada de energia, organizar os equipamentos e a iluminação. Entregar o serviço e partir para o próximo. A primeira compra foi feita e os cabos elétricos chegaram à casa. Só faltava o restante do material pra eu começar o trampo.


Mas aí veio o inesperado. Na primeira noite, a casa vazia, apenas os cabos elétricos estocados em algum cômodo... e BUM! A casa foi invadida e todos os cabos roubados. A obsessão de alguns nóias por cobre é doentia e revoltante.


No dia seguinte, o cara me liga e diz que ia abortar a missão Growroom e desaparece do mapa!


Fiquei com cu na mão, e pensei apavorado : “ a casa caiu!”


Como assim? Na primeira noite, a casa que foi alugada especificamente para o Projeto já é invadida? Não dava pra acreditar. Será que estavam de olho na operação desde o começo? E aí, por que o cara pulou fora tão rápido? Será que tinha algo por trás que eu não sabia?


Eu só queria trabalhar no que sei fazer, instalação elétrica especializada, só isso! Meu Deus, que roubada quase entrei...


QUALQUER COISA QUE POSSA DAR ERRADO, DARÁ ERRADO


O capitão e engenheiro aeronáutico Edward Aloysius Murphy Jr., do Instituto de Tecnologia da Força Aérea dos EUA, estava em um dos testes de desaceleração rápida com pilotos de aeronaves usando um trenó-foguete. O objetivo? Medir os batimentos cardíacos e a respiração dos pilotos sob condições extremas. Mas, no momento crucial, algo deu errado.


Os sensores, que deveriam fornecer leituras precisas, mostraram zero. Nada. O técnico responsável tinha instalado o equipamento de maneira errada, e o teste falhou. Murphy, frustrado, soltou a famosa frase:


“Se este homem tem algum modo de cometer um erro, ele o fará."


A equipe de Murphy, pegando carona na ironia do momento, reformulou a ideia e deu vida a uma das leis mais conhecidas da humanidade:


"Qualquer coisa que possa dar errado, dará errado."


E assim nasceu a Lei de Murphy, o mantra que até hoje nos lembra que, quando se trata de imprevistos, é sempre bom estar preparado para o pior.


A LEI DE MURPHY


Talvez a primeira aparição desse pensamento, venha do livro “A Budget of Paradoxes" (O Orçamento dos Paradoxos) do matemático Augusto de Morgan, a formulação chegou bem perto do que conhecemos como a Lei de Murphy , Augusto já dizia:


“Tudo o que pode acontecer, irá acontecer, se fizermos testes o suficiente.”


E foi exatamente isso que experimentei na minha primeira missão como eletricista autônomo. Estava animado, pronto para botar a mão na massa, receber pelo meu trabalho e entregar um serviço impecável. Mas, cara, não deu certo!


Não só não recebi pelo serviço, como nem sequer consegui começar , e estava todo endividado. E lá se foi minha chance de encarar uma instalação elétrica em um cenário tão inusitado como um Growroom.


Talvez fosse o destino, me livrando de algo pior, me tirando do caminho de algo que eu desconhecia e de pessoas que, quem sabe, poderiam ser perigosas.


Lembro daquela cena épica do filme “Interestelar”, de Christopher Nolan, onde o protagonista, Cooper, tranquiliza sua filha, dizendo que o nome dela, “Murphy”, não era uma maldição. Ele olha nos olhos dela e diz:


-“A Lei de Murphy não significa que algo ruim vai acontecer. Significa que tudo que possa acontecer, vai acontecer.”


E assim, sigo com a certeza de que, mesmo quando tudo parece dar errado, talvez seja só a vida me mostrando que, às vezes, o que não acontece pode ser a melhor coisa que poderia ter acontecido.


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